PESSOAL(mente) Líder
- Rosangela Bertuol
- 21 de jul. de 2020
- 6 min de leitura
Se você é um líder de pessoas que está passando dificuldades na gestão do seu time, ou quer se tornar um líder e não sabe por onde começar, vem comigo que te apresentarei algumas dicas para você compreender pelo que as pessoas vêm sendo motivadas, o que você pode fazer para criar um ambiente de trabalho melhor para a sua equipe e como se tornar um líder inspirador.
O QUE TE TORNA UM LÍDER INFLUENCIADOR?
Isso não se trata de uma receita de bolo, em que você prepara os ingredientes, segue a receita e o resultado aparece. Eu já li dezenas de livros falando sobre o ato de liderar pessoas, com conceitos e métodos tradicionais e modernos. Respeito muito cada entusiasta que se dedica a estudar este tema tão instigante, porém, o que observo na prática – o bom de você trabalhar em um ambiente organizacional te dá esta vantagem – é que nem sempre o conteúdo apresentado é aplicável.
Da mesma forma, um modelo de liderança instituído em uma determinada organização normalmente não pode ser aplicado em outra. Vou te contar o porquê. É importante saber que o conceito de liderança é muito subjetivo. Cada estudioso da área conceitua ou sugere um modelo segundo o seu modo de perceber a liderança, baseado em dados e pesquisas e, embora existam estudos recentes falando de tendências de comportamentos para um líder de sucesso, afirmar que determinado modelo se aplica a sua organização é como dar um “tiro no escuro”.
Explico! Para concluir se um determinado modelo ou os comportamentos sugeridos para um determinado grupo de líderes são aplicáveis, é importante ter clareza e saber se ele está conectado com a cultura da organização e ao modelo de negócio que ela opera.
Sabe-se que a cultura é o sistema operacional através das quais as decisões são tomadas nos grupos e nas empresas. Ela também é essencial para recrutar e reter seus talentos, pois é o grande guarda-chuva que abarca todos os demais processos e valores da organização.
Assim, sugere-se que primeiro seja compreendida a cultura da empresa e os desafios estratégicos esperados da liderança para depois estruturar um modelo de gestão. O segundo ponto é tão fundamental quanto o primeiro e refere-se a pessoas, o capital mais importante de qualquer organização, mas que só é lembrado diante de uma adversidade.
Independente do modelo de liderança estabelecido na organização, a única certeza que você pode ter é a de que um dos grandes desafios será fazer a gestão de pessoas e, apesar de ser tão desafiador, não é difícil se tivermos consciência da responsabilidade do papel do líder.
Desse modo, uma gestão de pessoas eficiente requer, por parte do líder: habilidade de se conectar de forma genuína, sensibilidade de entender a importância do outro, empatia, capacidade de estimular o potencial e talentos dos liderados e ser inspirador. Assimilando a importância do desenvolvimento dessas habilidades, a liderança assume um papel muito mais efetivo na gestão de pessoas e, consequentemente, no alcance de um ambiente de trabalho salutar.
Vamos aprofundar!
LIDERANÇA COM FOCO NAS PESSOAS
Para liderar é essencial que você seja capaz de se importar com seus liderados e querer que eles estejam bem. Você tem que ter um senso de responsabilidade em relação a eles, o que significa dizer que deve ter empatia, ou seja, capacidade de se colocar no lugar do outro.
Sem empatia nos distanciamos dos nossos liderados e podemos tomar decisões que os prejudiquem, especialmente se tornamos nosso relacionamento mais abstrato. Quanto mais distantes estamos dos nossos liderados, mais somos propensos a desumanizar as pessoas e vê-las como engrenagens de uma máquina, quando na verdade deveríamos tratá-las como indivíduos que vivem, respiram, pensam e têm vontades e necessidades próprias, impedindo, assim, essa mecanização.
Quando as pessoas sentem que seus líderes estão preocupados em compreende-las, mais humanizada se tornam as relações, estabelecendo, assim, uma relação de confiança e segurança psicológica.
O escritor Simon Sinek, em seu livro “Líderes se servem por último”, apresenta dados de uma pesquisa realizada nos EUA, em 2011, que revelam que 1 a cada 3 empregados consideravam abandonar seus empregos, sendo que os motivos que lhes faziam permanecer nas empresas onde trabalhavam era a necessidade do sustento da família e a insegurança que tinham sobre a possibilidade de encontrar outro emprego.
Um ambiente de trabalho saudável cria em cada indivíduo o sentimento de pertencimento. Se esse ambiente encoraja e empodera os seus empregados, a razão para permanecerem não mais é a sobrevivência, mas a busca pela prosperidade.
Nós não temos o poder de mudar as pessoas, mas podemos mudar o ambiente onde elas estão inseridas. Isso quer dizer que, se quisermos as pessoas mais engajadas e trabalhando com mais vontade e inspiração, precisamos focar menos em nós mesmos e mais em criarmos um ambiente de trabalho que propicie essa prosperidade.
GERE CONEXÕES
Para ser um bom líder o mais importante é conseguir se conectar emocionalmente com as pessoas. É preciso desenvolver uma relação de confiança, ter integridade e, principalmente, autocontrole.
As pessoas precisam ter a certeza de que você leva em conta os objetivos e desafios do grupo antes de tomar uma decisão, pois o sentimento de segurança é vital para que a equipe construa um relacionamento baseado na honestidade e confiança. Assim, a partir do momento em que líderes conseguem a confiança de seus liderados, devem mantê-la e fortalece-la no diálogo constante, por meio de 1-1, feedback, transparência da comunicação, gestão do desempenho e reconhecimento profissional.
ESTIMULE O POTENCIAL DAS PESSOAS
Uma pesquisa do instituto Gallup, com 4 milhões de pessoas em mais de 100 países questionou: em seu trabalho você tem a oportunidade de fazer todos os dias o que você faz de melhor? Você tem a oportunidade de usar seus talentos diariamente?
O percentual de pessoas que respondeu sim foi de apenas 20%. Isso significa que de acordo com esse estudo 80% das pessoas se sente subaproveitada no trabalho; sente que tem forças e talentos que não são utilizados no dia a dia.
Buckingham & Clifton afirmaram, com base em seus estudos, que as organizações revolucionárias devem construir sua dinâmica em torno dos pontos fortes de cada pessoa.
Outro trabalho que reforça o lado positivo das qualidades humanas, segundo Peterson e Seligman é o assessment das virtudes e forças de caráter[1], que é a identificação dos traços morais e que podem ser desenvolvidas, diferentemente dos talentos que são inatos.
A maioria das organizações ainda insiste em investir recursos e esforços para trabalhar nos gaps de comportamentos.
O papel do líder assume extrema importância no foco e construção de um programa de capacitação profissional, que tenha como base as premissas relacionadas às qualidades humanas positivas dos seus liderados, foco nos seus talentos, naquilo em que eles realmente são bons, gostam e sentem prazer em fazer, não mais empenhando-se em minimizar gaps profissionais. Só assim as pessoas serão impactadas de forma a liberarem todo o seu potencial, transformarem os talentos individuais em capacidades empresariais de sucesso e, assim, atingirem os objetivos e metas da organização.
INSPIRE PESSOAS
Um líder deve criar uma visão de futuro inspiradora para incentivar um grupo de pessoas a cumpri-la. Embora cada membro do grupo tenha objetivos individuais, ele se une em torno de um propósito comum, graças à visão e esclarecimento do líder.
É importante também que o líder coloque as pessoas como sua prioridade. Muitos pensam que um líder existe para ser servido, mas a grande verdade é que, para liderar, é preciso servir as pessoas, ajudá-las a atingir seus objetivos, superar seus desafios e se desenvolverem proativamente.
David Ulrich leciona que: “os líderes eficazes inspiram lealdade e boa vontade nos outros porque eles mesmos agem com integridade e confiança. Decisivos e envolventes são capazes de ações ousadas e corajosas” (O código da liderança, Best Seller, Rio de Janeiro, 2015, p. 31).
Grandes líderes como Martin Luther King, Gandhi e Nelson Mandela não inspiraram pessoas por suas qualidades intelectuais, científicas ou artísticas, mas pela pura força de suas qualidades humanas, e apesar de todas as adversidades que enfrentaram, tinham uma vida com significado e propósito, que os transformaram em verdadeiros líderes inspiradores.
PARA FINALIZAR
Grandes líderes entendem que a liderança não é instituída e sim reconhecida pelos seus liderados. Você só é líder quando se deixa ser liderado por alguém. Para conseguir isso, é necessário colocar as pessoas antes dos seus próprios desejos pessoais e estar presente, focado em servir e ajudá-las a atingir seus objetivos.
Para ser um líder verdadeiro foque nas pessoas. Vamos em frente! Mão na massa porque sua empresa e seus liderados precisam de você.
Dicas de leitura:
- Líderes se Servem por Último: Como construir equipes seguras e confiantes - Simon Sinek.
- O que diferencia CEOs bem-sucedidos - Elena Lytkina Botelho, Kim Rosenkoetter Powell, Stephen Kincaid e Dina Wang <Disponível em https://hbrbr.uol.com.br/o-que-diferencia-ceos-bem-sucedidos/>
[1] Ferramenta de livre pesquisa, que ajuda a identificar os pontos fortes de caráter de cada indivíduo.

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